sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Um trauma vai muito além do medo

Artigo de Opinião de Sandra Neves, Psiquiatra da UPPC
Perturbação de Stress Pós-Traumático dificulta o relacionamento interpessoal
Um trauma vai muito além do medo
A Perturbação de Stress Pós-Traumático, mais conhecida pela sua sigla em inglês PTSD (Post Traumatic Stress Disorder), é a designação para uma perturbação mental que parece resultar de uma hiperativação dos mecanismos de resposta ao medo.
Esta manifesta-se, normalmente, no primeiro mês após um evento traumático, mas por vezes pode passar um ano até que isso aconteça. Segundos os estudos, mediante acontecimentos potencialmente traumáticos, é muito frequente encontrar na maioria das pessoas expostas sintomatologia significativa, mas em mais de 90 por cento esta acaba por ser atenuada ao longo das seis semanas seguintes.
Os sintomas da Perturbação de Stress Pós-Traumático agrupam-se em quatro tipos fundamentais: pensamentos intrusivos, evitações, mudanças negativas no conteúdo dos pensamentos e no humor, e mudanças nas reações físicas e emocionais. Estes podem variar com o tempo e de pessoa para pessoa.
Podem, desta forma, surgir pensamentos intrusivos, recorrentes, angustiantes e involuntários sobre o acontecimento traumático, sensação de estar a reviver o acontecimento, muitas vezes com verdadeiros flashbacks, sonhos perturbadores ou pesadelos relacionados com o trauma e sensação de angústia intensa ou reações físicas perante situações que recordem, de alguma forma, o acontecimento traumático. Os sintomas de evitação podem passar por não falar do acontecimento e mesmo “evitar pensar”, evitar lugares, atividades ou pessoas que façam recordar o sucedido. Para além de toda esta sintomatologia, podem surgir pensamentos negativos acerca de si próprio, das outras pessoas e do mundo em geral, bem como desesperança face ao futuro. A memória pode também ser afetada e muitas vezes as pessoas não recordam aspetos importantes sobre o acontecimento traumático.
Estas manifestações tendem a provocar problemas consideráveis na qualidade de vida dos doentes com PTSD, dos quais se destacam: as dificuldades que surgem em manter as relações interpessoais; a sensação de “distância” de familiares e amigos; a descrição de se sentirem “insensíveis emocionalmente”; a dificuldade muitas vezes relatada em sentir “emoções positivas”; ou a falta de interesse pelas atividades que anteriormente eram gratificantes.
Para além de tudo isto, o doente relata muitos sintomas que se relacionam com o estado de hipervigilância, tais como assustar-se facilmente, estar sempre alerta para uma eventual situação de perigo, queixas de dificuldade de concentração, perturbações do sono, irritabilidade, ataques de raiva ou manifestação de comportamentos agressivos e até mesmo conduta autodestrutiva como conduzir em excesso de velocidade e sem cuidado ou beber em excesso. Muitas vezes a todos os sintomas referidos ainda se juntam sentimentos de culpa ou de fraqueza, tornando o dia a dia destes doentes extremamente penoso.
Todos estes sintomas podem ainda variar de intensidade ao longo do tempo, podendo por exemplo ser mais intensos em fases da vida de maior stress e preocupação, ou quando se ouvem determinados barulhos, se assiste a condições meteorológicas adversas ou a notícias sobre a guerra, assaltos, violações e acidentes na televisão. Quadros intensos podem culminar mesmo em ideação suicida, sendo urgente obter ajuda para o doente.
Convém referir que nem todos os casos preenchem os critérios necessários para fazer o diagnóstico de PTSD, não significando por isso que o quadro clínico não afete de igual forma o doente, diminuindo-lhe a qualidade de vida e acarretando dor e sofrimento. Em suma, uma experiência traumática poderá trazer eventuais consequências positivas, tais como a reorganização da vida pessoal, dos seus valores e objetivos.
Para além do sofrimento e da diminuição da qualidade de vida, também o núcleo de familiares e amigos do doente acaba por ser atingido. Por isso, é essencial o reconhecimento e a orientação destes casos para os profissionais de saúde mental. A instituição de medicação psicofarmacológica por psiquiatras e o apoio psicoterapêutico instituídos precocemente poderão mudar o rumo de muitas vidas, melhorando a saúde global e devolvendo sorrisos.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Doentes nas urgências aumentam mais de 30 por cento em dezembro

A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) assinala em dezembro, pela primeira vez, o Mês da Medicina Interna, com o objetivo de destacar a importância desta especialidade médica no contexto hospitalar. Esta iniciativa insere-se nas comemorações do 67º aniversário da SPMI.
“Em dezembro, os Serviços de Medicina Interna têm de responder ao aumento das necessidades de internamento do Serviço de Urgência, que aumentam a sua lotação em mais de 30 por cento. Tantos doentes a mais são tratados com o mesmo número de internistas, sem qualquer compensação adicional, mantendo a qualidade assistencial”, explica João Araújo Correia, presidente da SPMI.
E acrescenta que “o doente agudo grave ou menos grave, e o que é portador de doença crónica descompensada, todos recorrem ao Serviço de Urgência do hospital, onde se sentem seguros e confiantes nas mãos dos internistas. Mesmo em dezembro, quando as doenças se multiplicam, a Medicina Interna está sempre lá. Os portugueses podem continuar a contar com a dedicação dos internistas.”
É também em dezembro, no dia 14, que a SPMI assinala o seu aniversário: “Atualmente somos a maior Sociedade Científica Médica Portuguesa (com 2500 sócios) e o nosso crescimento é imparável, com 940 internos em formação”, conclui João Araújo Correia.
A Medicina Interna é já a maior especialidade médica hospitalar, representando 13% do total. A vocação do internista para o tratamento do doente agudo ou crónico complexo faz com que possa trabalhar com qualidade em vários cenários, desde a emergência, à urgência, ao internamento (hospitalar ou domiciliário), às Unidades Intensivas e Intermédias, ou ainda nos Cuidados Continuados e Paliativos.

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Doença VIH: mais vida com qualidade

Dia Mundial de Luta Contra a SIDA assinala-se a 1 de dezembro
Doença VIH: mais vida com qualidade
A Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, comumente conhecida como SIDA, é uma doença provocada pela transmissão do vírus da imunodeficiência humana (VIH), que infeta o sistema imunitário da pessoa. Este agente é responsável por destruir as células defensoras do organismo, que ao longo do tempo vão perdendo a capacidade de reposição, deixando o indivíduo desprotegido e mais propenso a contrair outras infeções e doenças mais graves.
Esta doença carateriza-se pelo seu desenvolvimento tardio e sintomas silenciosos, fatores que dificultam a sua detenção. Numa primeira fase, em que o organismo tenta combater o vírus que se vai multiplicando de forma exponencial, o paciente é considerado seropositivo. Passados, em média, oito a dez anos, dependendo de pessoa para pessoa, começam a surgir as primeiras manifestações indicadoras da presença de SIDA, nomeadamente o surgimento de infeções e tumores que podem levar a complicações mais graves ou até mesmo à morte.
A transmissão do VIH é feita quando sangue, sémen, fluídos vaginais ou leite materno provenientes de uma pessoa infetada entram diretamente em contacto com terceiros. Em termos práticos, este vírus é transmitido através daquilo a que consideramos comportamentos de risco. São eles a prática de contactos sexuais sem a utilização de preservativo masculino e/ou feminino; a partilha de seringas utilizadas para a injeção de drogas; e o contacto direto com sangue infetado, principalmente na utilização de objetos de outras pessoas, tais como lâminas ou máquinas de barbear/depilar, agulhas de tatuagem e de piercing, escovas de dentes, etc.
Importa ainda referir a possibilidade de o vírus da imunodeficiência humana ser transmitido durante a gravidez, bem como no parto ou até no processo de amamentação. Contudo, existem tratamentos destinados à redução deste risco.
Sendo a SIDA uma doença crónica que afeta as defesas do nosso organismo, esta acaba por ter um impacto muito negativo nos diversos órgãos ou sistemas do corpo humano: desde alterações cognitivas às demências, da aterosclerose ao enfarte agudo do miocárdio, à doença renal crónica, entre muitos mais.
E é aqui que o internista tem um papel crucial, uma vez que consegue ver o doente como um todo e é capaz de abordar a doença nos seus diversos aspetos e estádios, perante o envolvimento de qualquer órgão, e utilizar as múltiplas terapêuticas disponíveis. Atualmente, em Portugal, existem vários serviços, unidades e consultas que se dedicam ao acompanhamento de doente com VIH, e que são formados por equipas multidisciplinares, onde estão internistas, infeciologistas, pediatras e alguns médicos de outras especialidades.
Ao nível do tratamento, apesar de ainda não existir uma cura para a SIDA, têm havido grandes avanços terapêuticos nos últimos anos. Assim, temos medicação potente, eficaz, com diminutos efeitos secundários e de fácil posologia, na maior parte das situações com um só comprimido diário, permitindo uma qualidade de vida e uma longevidade do indivíduo, praticamente sobreponível ao não seropositivo.
Segundo o relatório “Infeção VIH e SIDA | Desafios e Estratégias 2018” da Direção-Geral de Saúde, que apresenta dados do ano de 2016, 91,70 por cento das pessoas infetadas pelo vírus da imunodeficiência humana estão diagnosticadas, das quais 86,80 por cento estão a ser tratadas. Isto só prova que tanto os investigadores, como os profissionais de saúde, assim como as instâncias governamentais e outras instituições têm trabalhado no combate a esta doença, seja através da descoberta de novos tratamentos, ou até mesmo da adoção de novas estratégias de rastreio e políticas de suporte ao doente (o acesso ao tratamento da SIDA é gratuito).
Ainda assim, é indispensável continuar a apostar na consciencialização da população para a diagnóstico e prevenção de uma doença que apresenta 1000 novos casos todos os anos.
No caso do diagnóstico, este deve ser feito o mais precocemente possível, não só para garantir uma intervenção clínica mais eficaz, assim como para reduzir o risco de contaminar outros indivíduos. O diagnóstico pode ser feito por prescrição de um médico de família ou médico assistente, ou então pode optar-se por se realizar num Centro de Aconselhamento e Deteção Precoce do VIH/SIDA (CAD).
Como comportamentos preventivos, recomenda-se a utilização de preservativo durante as relações sexuais; a não reutilização ou partilha de seringas, no caso de o indivíduo ser utilizador de drogas injetáveis; e a realização de um teste para a infeção do VIH, caso suspeite que tenha sido infetado.

Artigo de Opinião de Telo Faria, Coordenador do NEDVIH


quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Coaching atenua sintomas de hiperatividade e défice de atenção no adulto

Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra disponibiliza nova consulta
Coaching atenua sintomas de hiperatividade e défice de atenção no adulto
A Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra (UPPC) disponibiliza, a partir de hoje, uma consulta de coaching para adultos com Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA). Esta terapêutica visa promover o bem-estar da pessoa e ajudá-la a gerir as limitações ou fragilidades associadas à doença.
“A pessoa que sofre de PHDA confronta-se frequentemente com dificuldades em diversas áreas funcionais, nomeadamente ao nível académico, vocacional, emocional e interpessoal, resultantes da interferência sintomatológica desta perturbação, que é particularmente notória no que respeita às competências de planeamento, gestão do tempo, definição de objetivos, organização e resolução de problemas”, explica Gisela Gracioso, psicóloga da UPPC responsável por esta consulta.
Para fazer face a estas dificuldades, acrescenta a especialista, “esta consulta foca-se no desenvolvimento de competências práticas que ajudam o indivíduo a ultrapassar as necessidades do dia a dia, para assim melhorar diversos aspetos da sua vida, como o stress, o controlo emocional, a gestão do tempo e concentração, a autoestima, e muito mais”.
Após o processo de definição de objetivos e de psicoeducação, a intervenção dura entre 10 a 20 sessões, e termina com a avaliação dos ganhos terapêuticos. Nesta fase, o psicólogo, em conjunto com o paciente, decide se é necessária uma redefinição das necessidades de intervenção ou se o processo de acompanhamento se conclui.
A PHDA é uma doença neuropsiquiátrica crónica na qual se verificam alterações no funcionamento cerebral e cognitivo, que resultam na desatenção, agitação motora e impulsividade invulgares para a idade do indivíduo. Estima-se que cerca de quatro por cento dos adultos sofre desta perturbação. Os sintomas mais comuns são a desorganização e incapacidade de foco, a inquietação motora, a tomada de decisões precipitadas, a dificuldade em realizar atividades que requeiram calma e esforço mental, a comunicação excessiva, entre outros.

Rotinas de sono melhoram desenvolvimento das crianças

Rotinas de sono melhoram desenvolvimento das crianças
O sono é mais do que a ausência do estado de vigília, o não estar desperto. É um processo ativo do cérebro, em que este utiliza esse tempo para tarefas muito importantes. Mas quais?
Entre a variedade existente, podemos destacar a promoção de processos anabólicos, a produção hormonal, a termorregulação central, a “desintoxicação” cerebral e a consolidação da memória nos processos de aprendizagem. Para além disso, promove a autorregulação dos comportamentos e das emoções, e é o substrato dos sonhos.
Importa referir que o sono se altera ao longo do desenvolvimento do indivíduo na infância e na adolescência. Segundo dados da Fundação Americana do Sono (em inglês National Sleep Foundation), as necessidades de sono diminuem ao longo do crescimento: os recém-nascidos (0-2 meses) necessitam entre 12 e 18 horas de sono diárias; os bebés (3-11 meses) de 14 a 15 horas; as crianças (1-3 anos) de 12 a 14 horas; as crianças em idade pré-escolar (3-5 anos) de 11 a 13 horas; as crianças em idade escolar (6-10 anos) de 10 a 11 horas; e os adolescentes (10-17 anos) de 8,5 a 9,25 horas.
A evidência científica demonstra que alterações na quantidade e na qualidade do sono têm impacto nas funções cognitivas, emocionais e, de forma geral, nas funções psicológicas do indivíduo, independentemente da idade.
Um dos elementos mais importantes para um sono saudável é um horário de deitar e de acordar regular. O estabelecimento desta rotina no padrão de sono otimiza o “ter sono sempre à mesma hora”, assim como ajuda a regularizar o ritmo circadiano de cada indivíduo.
Outro aspeto importante para um sono saudável envolve dar oportunidade adequada a cada criança de dormir. Com isto, pretendo esclarecer que apesar de existir um número médio de horas necessárias para cada faixa etária durante o crescimento, cada criança tem necessidades de sono individuais e cada pai deve estar atento às pistas que sugerem que o filho não está a dormir o suficiente, nomeadamente quando a criança tem dificuldade em acordar de manhã e/ou que dorme mais ao fim de semana e durante as férias escolares, do que durante a semana.
Como apostar na qualidade de sono através da Higiene do Sono
É comum ouvir-se a referência à importância da Higiene do Sono, a qual corresponde a um conjunto de recomendações comportamentais que têm grande impacto positivo no sono. Destas destaco:
  • Ir para a cama dormir sempre à mesma hora;
  • Dormir sozinho/a na cama;
  • Não fazer sestas antes de dormir, nem consumir produtos com cafeína;
  • Ter uma rotina prévia ao deitar que permita ao organismo diminuir a agitação: evitar luzes brancas, não utilizar dispositivos digitais tecnológicos entre 30 a 60 minutos antes do deitar, procurar atividades relaxantes como ler uma história aos mais pequenos, ou sugerir aos mais crescidos que leiam um livro;
  • Não ter televisão no quarto;
  • Evitar que a criança adormeça noutro local que não a sua cama, situação que obriga o pai ou a mãe a transportar a criança durante o sono;
  • Acordar e levantar da cama diariamente sensivelmente à mesma hora;
  • Evitar que as crianças e os adolescentes utilizem a cama durante o dia para atividades que não sejam dormir. É comum, em particular nos adolescentes, tentarem passar o tempo disponível no quarto em cima da cama a ver séries, jogar no computador ou telemóvel, ou a utilizar as redes sociais. Estes são exemplos vivamente desaconselhados, pois o nosso corpo aprende com os hábitos rotineiros. Assim, se o ensinarmos a usar a cama para tudo, não haverá clara noção que aquele espaço serve para dormir e descansar.
À partida, se colocar em prática as diretrizes apresentadas acima, tem menos probabilidade de ter uma criança com problemas ou perturbação do sono-vigília, e estará a promover, igualmente, o correto desenvolvimento do seu filho.

PHDA afeta o desempenho académico dos estudantes universitários

Campanha de sensibilização assinala o Dia Mundial da Saúde Mental
PHDA afeta o desempenho académico dos estudantes universitários
A Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra (UPPC) lança hoje, no Dia Mundial da Saúde Mental, uma campanha de sensibilização para a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) no adulto. Esta iniciativa tem como objetivo alertar os estudantes do Ensino Superior para a importância do diagnóstico precoce desta doença.
A campanha vai decorrer ao longo do mês de outubro, com o apoio de várias associações de estudantes de todo o país que, através das redes sociais e distribuição de flyers, irão informar alunos, professores e não docentes para a correta identificação dos sinais de alerta mais comuns desta condição.
A PHDA é uma doença neuropsiquiátrica crónica na qual se verificam alterações no funcionamento cerebral e cognitivo, que resultam na desatenção, agitação motora e impulsividade invulgares para a idade do indivíduo. Estima-se que cerca de quatro por cento dos adultos sofre desta perturbação atualmente. Entre os sintomas mais comuns estão a desorganização e incapacidade de foco, a inquietação motora, a tomada de decisões precipitadas, a dificuldade em realizar atividades que requeiram calma e esforço mental e a comunicação excessiva.
“Dado que a PHDA em jovens adultos se pode manifestar em contexto escolar/profissional, importa trabalhar no sentido de consciencializar as comunidades académicas para a correta identificação de uma doença que, quando não tratada, pode levar ao insucesso escolar, baixa autoestima, isolamento social, propensão para comportamentos de risco (consumo de drogas e álcool, gravidez não planeada, etc.), bem como ao risco de desenvolver outras doenças, como depressão ou transtornos de personalidade”, explica Joaquim Cerejeira, Diretor Clínico da UPPC.
O psiquiatra acrescenta que “mais do que informar para o conhecimento da doença, esta campanha pretende, acima de tudo, promover o diagnóstico atempado, de modo a que possam ser implementadas estratégias terapêuticas eficazes, que permitam minimizar as consequências negativas desta perturbação e assegurar a qualidade de vida do indivíduo e respetiva família.”
A UPPC disponibiliza uma consulta de Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção para adultos que sofrem desta doença, através da qual se aposta numa abordagem terapêutica que inclui intervenções psicoterapêuticas e farmacológicas. A longo prazo é comum a combinação das duas opções, para resultados mais positivos. Contudo, em casos mais isolados e a curto prazo, a eficácia do tratamento é alcançada com o uso de fármacos.

Sobre a UPPC
A Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra tem por missão contribuir para o bem-estar da população através da oferta de cuidados de saúde, de atividades de formação e de investigação, na área da Psiquiatria e saúde mental, de acordo com padrões de referência internacionais. Para mais informações consulte: http://uppc.pt/

Cuidados com os pés podem prevenir o pé diabético

Artigo de Opinião de Francisco Oliveira Freitas, Podologista
Cuidados com os pés podem prevenir o pé diabético
Hoje a Diabetes é uma doença que afeta mais de um milhão de portugueses, sendo que uma percentagem considerável dos casos ainda está por diagnosticar. Associados a esta condição estão outros problemas de saúde, como o risco de sofrer AVC ou Enfarte Agudo do Miocárdio, ou até mesmo problemas podológicos, nomeadamente o designado “pé diabético”.
Este último é uma grande preocupação para os profissionais de Podologia, dado que muitas vezes as pessoas não dão a devida atenção e cuidados que o pé diabético necessita, o que pode dar origem a problemas de maior gravidade, tais como a amputação. De forma a evitar este cenário, compreendamos o que dá origem a esta condição e quais os métodos que podemos adotar para assegurar o tratamento adequado dos nossos pés.
Como surge o pé diabético?
Os nossos pés são constituídos por uma complexa rede sanguínea que apresenta uma extensa ramificação nervosa responsável pela sensibilidade do pé. Essas ramificações que atuam como sinais de alarme, quando são danificadas pela Diabetes, podem gerar a perda da sensibilidade do pé, fazendo com que o paciente deixe de sentir dor, mudanças de temperatura, etc. Para além disto, a pele do pé começa a secar, o que leva ao surgimento de feridas, queimaduras ou bolhas, que posteriormente podem dar origem a infeções.
Para melhor se perceber o que pé diabético pode fazer, imaginemos que o paciente tem dentro do sapato um objeto, como uma pequena pedra. Neste caso, o objeto vai causar fricção no pé, e eventualmente causar uma ferida, sem que o paciente se dê conta, visto não ter sensibilidade no membro inferior. Se não for detetada a tempo, a ferida não tratada vai infetar, trazendo complicações que poderiam ser facilmente evitadas com a correta intervenção.
Quais os cuidados que devemos ter com o pé diabético?
Tendo ou não pé diabético, o indivíduo diagnosticado com Diabetes deverá sempre ter uma atenção acrescida com os seus pés, para a qual se destacam os seguintes cuidados:
  • Vigiar diariamente os pés. Sempre que detetar alguma irregularidade, como uma ferida, uma coloração anormal, entre outros, deverá consultar de imediato um especialista;
  • Tornar a higiene dos pés uma rotina diária. Após a lavagem, hidrate os seus pés e seque-os com uma toalha macia até ficarem secos, sem esquecer as zonas entre os dedos;
  • Assegurar que as suas unhas ficam sempre bem cortadas e em linha reta;
  • Eleger calçado que se ajuste corretamente ao pé, e que tenha uma base larga que não apresente costuras no seu interior, de forma a evitar o risco de ferir. É também importante não usar meias apertadas, ou usar calçado que aumente o risco de ferida por fatores exteriores, como chinelos;
  • Estimular a circulação sanguínea, através da prática regular de atividade física e da não adoção de posições que dificultem a correta passagem de sangue, como cruzar as pernas;
  • Adotar um estilo de vida saudável, para assim controlar a Diabetes. Para além do exercício físico, aposte numa alimentação cuidada e abstenha-se de fumar, prática que dificulta a circulação de sangue.
Não obstante todas as recomendações, este flagelo pode ser evitado e/ou minimizado, mediante um trabalho prático e especializado de um profissional de Podologia, várias vezes complementado por outros campos da área da saúde.

Sobre o Centro de Podologia de Famalicão
O Centro de Podologia de Famalicão foi a primeira Clínica de Vila Nova de Famalicão dedicada exclusivamente à consulta de Podologia. Parceiro da Associação de Diabéticos de Famalicão, o Centro visa proporcionar o bem-estar dos pacientes e dos seus familiares, com técnicas de prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação das patologias dos pés.

sábado, 24 de novembro de 2018

Black Friday não traz “desconto” nos sintomas de Oniomania

Artigo de Opinião de Luísa Lagarto, Psiquiatra da UPPC
Black Friday não traz “desconto” nos sintomas de Oniomania
A oniomania, também designada por Perturbação Compulsiva por Compras, é considerada uma doença psiquiátrica caraterizada por um desejo recorrente e descontrolado de realizar compras. Estima-se que atinja 6 por cento da população geral, e a maioria dos estudos indica que cerca de 90 por cento são mulheres.
Os principais sintomas consistem em comportamentos repetitivos, pensamentos intrusivos e preocupações relacionadas com compras e impulsos para comprar, os quais são vivenciados como irresistíveis e de difícil controlo. Os doentes descrevem uma sensação de tensão e de ansiedade crescente, que só alivia quando a compra é realizada. Posteriormente geram-se habitualmente sentimentos de culpa, angústia e preocupação. É frequente serem adquiridos objetos supérfluos e de elevado valor, conduzindo a problemas financeiros graves.
A oniomania tem início no final da adolescência ou na segunda década de vida, o que poderá estar relacionado com a emancipação do núcleo familiar, acesso a contas bancárias e uso compulsivo do computador, particularmente a utilização de sites onde é possível fazer compras online.
Estes comportamentos provocam sofrimento no indivíduo, são consumidores de tempo e podem originar problemas ao nível pessoal, familiar, legal e financeiro. Sintomas de depressão, ansiedade, distúrbios alimentares e/ou uso de substâncias são comuns nos doentes que sofrem desta doença.
É importante distinguir estes comportamentos daqueles que decorrem dentro dos padrões considerados normais. Os gastos excessivos episódicos que ocorrem em ocasiões especiais (festas, aniversários, férias, etc.) não configuram necessariamente este diagnóstico, principalmente se não estiverem associados à preocupação ou angústia, e se não implicarem consequências adversas.
Ainda não estão esclarecidas as causas desta perturbação, mas sabe-se que estão envolvidos fatores neurobiológicos, psicológicos e sociais. Traços obsessivos e impulsividade são características da personalidade que estão frequentemente associadas à doença. Alguns fatores socioculturais são reforçadores deste tipo de comportamentos, particularmente a crença de que a aquisição de bens representa ascensão social, poder, prestígio e autonomia financeira.
Para além disso, o estímulo para o consumo e a disponibilidade de uma ampla gama de produtos podem contribuir para o desenvolvimento da doença. As estratégias de marketing relacionados com promoções atrativas, como a época da “Black Friday”, podem conduzir a um aumento do risco para as compulsões por compras, agravando assim os sintomas.
O curso da doença é normalmente crónico e intermitente. O tratamento envolve acompanhamento psiquiátrico regular, psicoterapia e intervenção farmacológica. As intervenções em grupo são benéficas, dado que proporcionam um ambiente de apoio e encorajamento mútuos. A terapia de casal também pode ser necessária, caso se verifique problemática no relacionamento conjugal precipitada pela doença.
Para prevenir a compulsão por compras, os doentes são orientados no sentido de alterarem os seus comportamentos e hábitos de vida. Por exemplo, sugere-se para estes doentes: evitar épocas de promoções, evitar frequentar regularmente centros comerciais ou fazê-lo em companhia, não levar cartão de crédito ou usar crédito limitado, fazer listas previamente para adquirir apenas o que é necessário, e evitar a utilização sites de compras online

sábado, 17 de novembro de 2018

Comunicar com o doente: um passo para deixar de fumar

Dia Nacional do Não Fumador assinala-se a 17 de novembro
Comunicar com o doente: um passo para deixar de fumar
O tabagismo, caraterizado pelo consumo e/ou dependência de tabaco, é uma doença crónica que afeta mais de 20% da população portuguesa, sendo também uma das principais causas de morte no nosso país.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, este hábito nefasto para a saúde pública tem vindo a aumentar drasticamente a nível mundial, estimando-se que entre 2025 e 2030 o número de mortes por ano se fixe em cerca de 10 milhões. Este cenário requer uma preocupação acrescida dos profissionais de saúde, dado que o consumo de tabaco pode implicar que o indivíduo desenvolva diversas complicações de saúde.
No que respeita ao sistema respiratório, estão associados ao tabagismo o cancro do pulmão, a asma, a bronquite, o enfisema e, principalmente, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC). Além destes, o consumo tabágico fomenta igualmente o desenvolvimento da doença coronária, acidente vascular cerebral, doença aterosclerótica cardiovascular, osteoporose, úlcera, infertilidade, e muito outros.
Com a finalidade de melhorar a sua qualidade de vida e longevidade, muitos são os indivíduos que tentam deixar de fumar. Contudo, a cessação tabágica demonstra ser um processo de difícil concretização: somente 25% das tentativas de abstinência com ajuda médica conseguem ultrapassar uma semana de tratamento.
É, por isso, essencial que os especialistas de Medicina Interna, em conjunto com profissionais de psicologia, pneumologia, nutrição e enfermagem definam um plano de cessação tabágica adaptado a cada indivíduo, de forma a assegurar o sucesso do tratamento e, por sua vez, reduzir a probabilidade de ocorrerem recaídas.
Importa inclusive que o internista esteja sensibilizado para o papel da comunicação com o doente. Dado o impacto psicológico que este processo acarreta, muitas vezes associado ao aumento dos níveis de stress e ansiedade, é crucial que o médico transmita confiança e empatia com o paciente, através do aconselhamento e acompanhamento ao longo do tratamento, assim como através da consciencialização para os riscos do tabaco e para os benefícios de deixar de fumar.
Entre os benefícios a médio-prazo estão o aumento da esperança e qualidade de vida, a melhoria da saúde cardiovascular, a diminuição da falta de ar, tosse e obstrução brônquica, o aumento da probabilidade de ter filhos mais saudáveis, e muito mais. Já a curto prazo, os resultados são diversos: segundo a agência norte-americana de Centros de Controlo e Prevenção de Doenças, 20 minutos após deixar de fumar, a frequência cardíaca e a pressão arterial do indivíduo normalizam os seus níveis; já 10 anos depois, o risco de desenvolver cancro do pulmão reduz para metade.
Desta forma, a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, em conjunto com os seus núcleos de estudo, tem investido em campanhas de sensibilização junto da população e, principalmente, na formação de internistas e outros profissionais de saúde, de forma a que estejam preparados para responder às necessidades e especificidades de cada doente. Só assim poder-se-á contribuir para uma sociedade mais saudável, mais ativa e com maior esperança de vida

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Famílias portuguesas apostam num dia sem açúcar

Dia Mundial da Diabetes assinala-se a 14 de novembro
Famílias portuguesas apostam num dia sem açúcar
O Núcleo de Estudos de Diabetes Mellitus (NEDM) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) vai desafiar as famílias portuguesas a moderarem o consumo de açúcar no próximo dia 14 de novembro. Esta ação surge no âmbito do Dia Mundial da Diabetes, que este ano tem como tema a “Família e a Diabetes”.
“O desafio passa por convidar as famílias a realizar uma experiência de um dia em que não consumam alimentos açucarados, tais como bolos, doces, cereais, refrigerantes, bebidas alcoólicas, entre muitos outros”, explica Estevão Pape, Coordenador do NEDM.
Com esta iniciativa, acrescenta o Internista, “esperamos conseguir, de uma forma interativa, sensibilizar a população a adotar um estilo de alimentação mais saudável, de modo a reduzir o risco de desenvolver diabetes, uma doença que afeta, em média, um a três portugueses adultos”.
Para João Araújo Correia, Presidente da SPMI, “através destas ações de consciencialização da população, conseguimos não só contribuir para uma melhoria da saúde de todos nós, como inclusive destacamos o papel do especialista de Medicina Interna no contexto hospitalar e na promoção da discussão pública e científica ligada às diversas temáticas da saúde”.
A diabetes é uma doença crónica que se carateriza pelo aumento dos níveis de glicemia (açúcar no sangue), que provoca a deterioração dos vasos sanguíneos. As suas consequências são diversas, nomeadamente o maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, como o enfarte agudo do miocárdio ou a angina de peito, insuficiência renal ou cegueira.
Segundo o Observatório da Diabetes em Portugal, há 1 milhão de pessoas com diabetes no país e 500 mil pessoas que não sabem que têm a doença. Já no panorama mundial, cerca de 500 milhões de pessoas estão diagnosticadas com diabetes, um número que se prevê aumentar exponencialmente nos próximos anos.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

AVC hemorrágico: pouco conhecido, mas igualmente mortal

Dia Mundial do AVC assinala-se a 29 de outubro
AVC hemorrágico: pouco conhecido, mas igualmente mortal
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma emergência médica que se carateriza pela súbita diminuição do fluxo sanguíneo no cérebro, o que impede que este órgão receba o oxigénio e nutrientes necessários à sobrevivência das células cerebrais.Esta doença é atualmente a principal causa de morte e incapacidade permanente em Portugal.
Existem dois tipos de AVC, o AVC isquémico provocado pelo bloqueio/obstrução de uma artéria, vulgarmente conhecido por “trombose”, e o AVC hemorrágico, provocado pela rutura do vaso, denominado “derrame cerebral”.
O AVC hemorrágico é menos frequente e representa cerca de 15% do total dos acidentes vasculares cerebrais, sendo, no entanto, potencialmente mais grave.
Ambos requerem uma resposta rápida assim que os sinais de alerta forem percecionados, uma vez que quanto maior for o tempo entre o início do AVC e a intervenção médica, maior é a probabilidade de surgirem lesões potencialmente irreversíveis no doente.
Entre os sintomas mais comuns está um conjunto de manifestações comumente conhecido pelos “3 F’s”. São eles: a face descaída, dando uma sensação de assimetria do rosto; a diminuição da força num braço ou numa perna (ou ambos), que pode ser acompanhada por uma sensação de desequilíbrio; e a dificuldade na fala, fala arrastada, dificuldade em ter qualquer tipo de conversação ou existência de discurso pouco compreensível e sem sentido. A alteração da visão, nomeadamente a diminuição abrupta de visão num ou em ambos os olhos, uma forte dor de cabeça ou dificuldade em coordenar ou movimentos, são também sintomas frequentes. Sempre que estes sinais surgirem, deve contactar o 112 e dirigir-se ao hospital mais próximo.
Ao contrário do AVC isquémico, em que o internamento em unidades diferenciadas e os tratamentos na fase aguda (nas primeiras horas após início de sintomas) contribuíram para a diminuição de mortalidade e do grau de dependência dos doentes, no AVC hemorrágico esse efeito não se conseguiu. Os tratamentos de fase aguda não são tão eficazes e estes doentes não têm muitas vezes acesso a cuidados específicos em unidades diferenciadas.
É no sentido de combater este paradigma que o Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral (NEDVC) da Sociedade Portuguesa da Medicina Interna tem incentivado à investigação e formação na área. Para debater este e outros temas relacionados com prevenção, avaliação e tratamento dos doentes com doença vascular cerebral, diversos Internistas e outros profissionais de saúde irão reunir-se no 19º Congresso do NEDVC, que se realiza nos dias 23 e 24 de novembro, no Hotel Crowne Plaza, na cidade do Porto.
Para além da vertente científica, o NEDVC também se tem preocupado em sensibilizar a população para este problema, principalmente no que toca à prevenção. Mesmo que fatores de risco como a genética, a idade ou o género (o AVC é mais frequente nos homens) sejam incontornáveis, existem outras formas de reduzir exponencialmente o risco de sofrer um AVC, tais como controlar a pressão arterial, a glicemia e o colesterol, adotar uma alimentação saudável, pobre em gorduras e sal, praticar exercício físico regularmente, não fumar, nem consumir bebidas alcoólicas em excesso.
São estas pequenas ações que, certamente, farão a diferença na qualidade vida de cada indivíduo.

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