segunda-feira, 29 de abril de 2019

Português cria o primeiro kit de sobrevivência a incêndios

O primeiro kit de sobrevivência a incêndios, que inclui uma manta patenteada e certificada, a Manta Faraday®, que reflete até 95% do calor radiante, foi criado por um português e já está em fase de produção. O kit chega ao mercado em maio deste ano, mas já pode ser pré-reservado.
O kit Faraday, concebido para ser leve e de baixa volumetria, inclui proteção contra os gases tóxicos produzidos pelo fogo, com um Respirador que protege as vias respiratórias e oculares de +95% dos fumos tóxicos; e contra o calor, com a Manta Faraday®, patenteada e testada, que reflete 95% do calor radiante, e com as Luvas de Aramido, que protegem o seu utilizador de temperaturas até 200°C. Uma versão Pro, a ser lançada em junho, inclui ainda um Mini-extintor Eco, de 500ml.
Calor pode matar antes das chamas
A Manta Faraday®, batizada com esse nome por se inspirar no conceito da Gaiola de Faraday, criado pelo físico e químico britânico Michael Faraday (1791-1867), permite isolar um corpo do calor radiante de um incêndio. O facto torna-se essencial quando se sabe que, em determinadas situações, o risco de morte chega antes das chamas — de acordo com os resultados das autópsias das vítimas da estrada N236-1, no incêndio de 17 de junho de 2017, a maioria morreu incinerada pelo calor.
Foi com este conhecimento em mente, que um engenheiro português, natural de Leiria, um dos distritos mais afetados pelo fogo de junho de 2017, se lançou na missão de procurar uma solução para o problema do calor radiado de um incêndio, isto é, o calor sentido sem estar com contato direto com a chama, que chegou aos 500-600°C no caso de Pedrógão Grande.
Ricardo Roque, bacharel e mestre em Engenharia Mecânica pelo Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, considerado o quinto melhor do mundo no ramo de engenharia e tecnologia, voltou assim ao estudo dos princípios da termodinâmica até compreender que existia uma forma de proteger um corpo do calor radiado.
A Manta Faraday®, criada sob esses princípios, foi testada pelo CITEVE, o Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário, e revela-se eficaz até 95% do calor radiado — isto significa que, perante uma temperatura na ordem dos 500°C, o corpo sentirá apenas 40°C, tendo a capacidade (e o tempo) para fugir às chamas.
O risco dos fumos
Com a questão do calor resolvida, compreendeu-se que isso não seria o suficiente para garantir a sobrevivência de alguém numa situação de incêndio. Primeiro, porque uma das causas da mortalidade em situação de incêndio prende-se com a elevada concentração de fumos tóxicos. Os fumos de um incêndio podem matar em menos de 15 segundos, dependendo da concentração destes e do tipo de combustível — celulósico, têxtil, plástico. Cada tipo de combustível liberta fumos específicos que têm que ser bloqueados de forma eficaz.
Assim, foi desenvolvido um kit de sobrevivência a incêndios que, além da Manta Faraday®, inclui um Respirador certificado, capaz de proteger as vias respiratórias e oculares de mais de 95% dos fumos tóxicos, e ainda um par de Luvas de Aramida, também com certificação, que protegem do toque de temperaturas até 200°C.
Missão: proteger
A empresa FARADAY GO tem como missão proporcionar um acesso democrático a um sistema de proteção, de fácil uso. O objetivo passa sobretudo por promover a proteção das populações, especialmente as mais isoladas e fragilizadas, bem como os operacionais no terreno no combate a incêndios.
Por fim, e não menos importante, o kit inclui instruções que permitem saber o que fazer em caso de incêndio, funcionando como uma miniformação, podendo ser guardado em casa ou facilmente arrumado no carro, sob o banco do condutor. Mas a sua funcionalidade não se fica por aqui: o Kit Faraday pode fazer a diferença quando presente numa fábrica, num barco, numa cozinha de um restaurante, num quarto de hotel, etc. No fundo em todos os espaços onde existe um risco elevado de incêndios, mantendo as pessoas protegidas.
Estes kits, que já podem ser pré-reservados, começarão a ser entregues em maio e a missão passa por democratizar uma ferramenta de segurança que pode salvar vidas, apostando numa comercialização ágil e num preço acessível

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Número de internamentos inapropriados aumenta


SPMI e APAH assinam protocolo de cooperação
Número de internamentos inapropriados aumenta
Um estudo realizado no âmbito do 3.º Barómetro de Internamentos Sociais revela que se gastaram cerca de 81 mil dias de internamento inapropriado nos hospitais portugueses, um aumento de mais de 24 por cento em relação ao Barómetro anterior.
O relatório final demonstra que, com base nas respostas de 79 por cento dos hospitais nacionais, foram registados 17 mil internamentos, 829 dos quais inapropriados, o que equivale a 4,7 por cento do total de internamentos.
Estes resultados foram apresentados no início de abril, na 6.ª Conferência de Valor da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), realizada em parceria com a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI).
Durante a iniciativa, que teve como tema central os “Modelos de gestão da qualidade e melhoria contínua em saúde”, Alexandre Lourenço, presidente da APAH, revelou que esta realidade se traduz num “aumento do número de dias de internamento inapropriado, que nesta edição do barómetro quase atinge os 100 dias, com alguns casos a chegarem aos oito meses, sendo a região de Lisboa e Vale do Tejo a que apresenta números mais significativos”.
Segundo João Araújo Correia, presidente da SPMI, “os internistas são uma parte central desta questão, uma vez que 56 por cento dos internamentos inapropriados acontecem nos Serviços de Medicina Interna, que é atualmente a maior especialidade médica hospitalar em Portugal e a que alberga a maior parte das camas do Serviço Nacional de Saúde”.
E acrescenta: “A totalidade dos Serviços de Medicina Interna do país têm, em média, 25 por cento da sua lotação ocupada com doentes com alta clínica. Isto porque a colocação na rede de cuidados continuados demora cerca de dois meses e num lar da Segurança Social nunca menos de seis meses.”
No final da conferência foi ainda assinado um protocolo de cooperação entre a APAH e a SPMI, que visa promover o estudo e discussão de diversos temas na área da saúde, com o objetivo de alcançar um sistema de saúde mais eficiente e seguro.

sábado, 20 de abril de 2019

O que é a Saúde de hoje?

Hoje assinalamos o Dia Europeu dos Direitos dos Doentes. Esta celebração é um bom momento para refletir sobre os desafios relacionados com a saúde nos dias de hoje. O mundo mudou e essa mudança trouxe novos deveres e direitos para os cidadãos e para a sociedade.
A melhoria das condições de vida (água canalizada, saneamento público, mais alimentos, conservação dos alimentos pelo frio, etc.) e os avanços do conhecimento médico (vacinas, antimicrobianos para tratar infeções, a anestesia que permitiu fazer operações, o investimento na prevenção e correção dos fatores de risco, e muito mais) duplicaram a esperança de vida nos países desenvolvidos em menos de um século. Em 1920, a esperança média de vida dos portugueses era de cerca de 35,7 e 40 anos para as homens e mulheres, respetivamente, mas hoje é de 77,7 e 82,3.
Há um século as sociedades europeias tinham um grande número de crianças, mas só uma parte delas chegava à velhice. Hoje caminhamos para uma sociedade composta maioritariamente por idosos, com a natalidade a decrescer. Esta inversão fez aumentar as doenças do envelhecimento (artroses, aterosclerose e demência, por exemplo) bem como o número de doenças em pessoas com mais de 65 anos (multimorbilidade). Muitas destas doenças são preveníveis ou minimizáveis com a correção dos hábitos de vida. A prioridade agora não é de aumentar o número de anos vividos, mas sim de melhorar a qualidade de vida dos anos que vivemos, e para isso temos duas apostas prioritárias:
  • Fazer com que cada um de nós seja guardião da sua saúde (controlar o peso, eliminar o tabaco, reduzir o sal na comida, fazer exercício físico regular e socializar/conviver muito).
  • Manter o tratamento das doenças conhecidas com o mínimo de remédios possível.
A segunda grande alteração na sociedade atual é a facilidade do acesso à informação. As notícias de qualquer lado do mundo chegam pela televisão, telemóvel e redes sociais, com informação que nem sempre é confirmada. Esta realidade expõe-nos a factos, valores, culturas, civilizações e organizações de todo o mundo, muitas radicalmente diferentes das que conhecemos. Essa diferença é uma oportunidade de conhecimento e melhoria, se for confirmada e contraditada, mas pode também ser uma fonte de infortúnio se for perversa. Estes factos influenciam a forma como as pessoas hoje se relacionam com os serviços de saúde e como interpretam o que devem e o que não devem fazer para cuidar da sua saúde:
  • Há mais oportunidade de acesso a informação que pode melhorar a vida do cidadão, e por isso há mais oportunidades para cada um de nós cuidar e se responsabilizar pela preservação da sua saúde.
  • Há mais informação enganosa que pode prejudicar as pessoas que não confirmam a validade dessa informação (há quem não vacina os filhos, sujeitando-os a doenças evitáveis e pondo em risco concidadãos vulneráveis, se forem contagiados).
  • Há quem rejeita o acesso ao saber cientificamente documentado, expondo-se a procedimentos de valor não confirmado e/ou atrasando tratamentos que podem salvar vidas, se instituídos a tempo.
É importante que a informação encontrada seja confirmada e discutida com os técnicos de saúde.
O terceiro grande desafio para a nossa sociedade é a artificialização da vida, decorrente dos progressos científicos. A medicina e a tecnologia conseguem construir máquinas que suportam e substituem funções essenciais para a vida (corações, rins ou pâncreas), ou que são importantes para a qualidade de vida (articulações, ossos, pele, hormonas, etc.). Esta relação consegue também corrigir o ADN de pessoas vivas para reparar defeitos genéticos. Consegue fertilizar, artificialmente, ovos de mamíferos e fazê-los crescer fora do organismo materno até ao nascimento. Consegue tratar e curar doenças que há pouco tempo eram inevitavelmente fatais (cancro, infeções graves ou doenças autoimunes). Consegue implantar sensores/estimuladores cerebrais para modificar o movimento e o comportamento.
Esses sucessos, inimagináveis há poucos anos, levantam novas questões éticas, uma vez que têm um preço cada vez maior e impossível de ser pago pelos dinheiros públicos. Por isso o grande desafio para a saúde nos tempos que correm assenta em pilares sobre os quais todos temos de refletir:
  • Qual é a responsabilidade de cada cidadão na preservação da sua saúde e que consequências têm os comportamentos desleixados e/ou irresponsáveis na sustentabilidade dos sistemas de saúde?
  • O cidadão será, cada vez mais, chamado a ser cuidador da sua saúde e dos que lhe são próximos em condição vulnerável e dependente?
  • Como vamos gerir os recursos financeiros e organizacionais para facultar o acesso à saúde a todos os que necessitam de ajuda? Essa alocação tem de assentar em critérios aceites pela sociedade, com fundamento científico, consonantes com os valores da sociedade e que possam ser correspondidos pelos recursos disponíveis.
O acesso à melhor saúde para todos exige o melhor empenho de todos.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Campanha promove maior acesso a cuidados primários para a saúde da visão

Dia Mundial da Saúde assinala-se a 7 de abril
Campanha promove maior acesso a cuidados primários para a saúde da visão
A Associação de Profissionais Licenciados em Optometria (APLO) está a promover uma campanha para o reconhecimento do papel dos optometristas na prestação de cuidados primários para a saúde da visão. Esta iniciativa é lançada no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Saúde, que se assinala a 7 de abril.
“Uma boa visão exige o olhar de um profissional” é o mote desta campanha que pretende chegar a escolas, universidades, câmaras municipais, juntas de freguesia, e outras instituições.
“A Optometria é atualmente uma área não devidamente valorizada para muitos portugueses, sendo confundida com outras atividades profissionais, nomeadamente técnicos de ótica, uma realidade que confere o não reconhecimento da classe como parte relevante da área da saúde”, afirma Raúl de Sousa, presidente da APLO.
Neste sentido, acrescenta, “a APLO irá desenvolver uma campanha com o propósito de despertar a atenção de toda a população para o verdadeiro papel dos optometristas na comunidade, quer no diagnóstico, tratamento e prevenção de diversos problemas da visão, quer na promoção de um maior acesso e qualidade dos cuidados de saúde da visão”.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) assinala este ano o Dia Mundial da Saúde com o tema da cobertura universal de saúde. De acordo com Raúl de Sousa, “este tem sido um dos principais desígnios da APLO, agora reforçado na campanha. Acreditamos que a regulamentação da profissão de optometrista, ao valorizar a atual autonomia de exercício característica da profissão, iria proporcionar não apenas um acesso mais facilitado da população aos cuidados primários para a saúde da visão, como também iria garantir que estes mesmos cuidados sejam assegurados por profissionais qualificados, potenciando os recursos humanos disponíveis em Portugal e implementando as recomendações da OMS.”
O optometrista é um especialista autónomo dos cuidados primários para a saúde da visão que fornece cuidados abrangentes em visão e sistema visual, que incluem refração e prescrição, deteção/diagnóstico e acompanhamento/tratamento de doenças oculares e a reabilitação/tratamento de condições do sistema visual.

terça-feira, 2 de abril de 2019

Posição das Sociedades Científicas Portuguesas em Relação a Produtos de Tabaco Aquecido

As Sociedades Científicas Portuguesas e Organizações da Saúde representadas neste documento estão fortemente preocupadas com o surgimento de novos produtos de tabaco e com as alegações da indústria sobre “risco reduzido” destes dispositivos.

O que são Produtos de Tabaco Aquecido?

Os Produtos de Tabaco Aquecido (PTA), frequentemente referidos pela indústria como “heat-not-burn”, são dispositivos eletrónicos com um pequeno cigarro contendo tabaco, que produzem aerossóis com nicotina e outros químicos que são inalados pelo utilizador (em Portugal comercializados com a marca iQOS).

O que torna os PTA motivo de preocupação?

Os PTA contêm nicotina, substância altamente aditiva que existe no tabaco, causando dependência nos seus utilizadores, para além de estarem presentes outros produtos adicionados que não existem no tabaco e que são frequentemente aromatizados. Outro aspecto relevante é que o uso dos PTA permite imitar o comportamento dos fumadores de cigarro convencional, podendo haver o risco de os fumadores alterarem o seu consumo para estes novos produtos em vez de tentarem parar de fumar. Por outro lado, neste contexto, constituem também uma tentação para não fumadores e menores de idade iniciarem os seus hábitos tabágicos. Actualmente, a experimentação e uso de cigarros electrónicos e outros produtos de tabaco pelos adolescentes e jovens está a sofrer um crescimento exponencial e já se demonstrou que aumenta o risco de iniciação também no cigarro convencional e noutras drogas. Finalmente, estes novos produtos impõem o risco de re-normalização do tabagismo e de uso duplo com cigarros convencionais.

Os PTA são uma forma de minimizar riscos?

Do ponto de vista de segurança e do risco para a saúde, actualmente não existe evidência que demonstre que os PTA são menos prejudiciais do que o cigarro convencional. É importante lembrar que não existe um nível de segurança para o uso do cigarro e que mesmo o consumo baixo produz doença significativa. Assim, afirmar que os PTA contêm menos tóxicos não significa que se reduza o risco de doença.

Qual a posição das Sociedades Científicas Portuguesas?

Não devemos permitir que o debate em torno dos novos produtos do tabaco nos distraia do principal objectivo em questão - promover medidas regulatórias que sabemos serem eficazes na redução do tabagismo e continuar a apoiar aqueles que desejem parar de fumar.

Fundamentação teórica para a recomendação

A indústria do tabaco afirma que há uma redução de 90-95% na quantidade de substâncias nocivas e na toxicidade dos PTA1. Grande parte destas alegações baseia-se em estudos publicados pela própria indústria, com conflitos de interesse evidentes, havendo muitas evidências de que não se deve confiar neste tipo de estudos. Foram encontradas substâncias nocivas em altas concentrações nos seus estudos, como material particulado, alcatrão, acetaldeído, acrilamida e um metabolito da acroleína2-6. Alguns estudos independentes encontraram concentrações mais elevadas de formaldeído em produtos de tabaco aquecido do que em cigarros convencionais7,8. Investigação independente mostrou que a acroleína é reduzida em apenas 18%9, o formaldeído em 26%9, o benzaldeído em 50%9 e o nível de nitrosaminas específicas do tabaco é um quinto do nível encontrado nos cigarros de combustão convencionais10. Além disso, a substância potencialmente carcinogénica acenafteno é quase três vezes mais alta que nos cigarros convencionais9 e os níveis de nicotina e alcatrão são quase idênticos aos de um cigarro convencional11. O primeiro estudo experimental comparando directamente os efeitos do fumo de cigarro, vapor de e-cig e aerossol do iQOS mostrou que este último provoca o mesmo tipo de danos nas células pulmonares que o fumo de cigarro, mesmo em baixas concentrações.12

É tentador recomendar aos fumadores que alterem o consumo para produtos de tabaco aquecido sem considerar todas as consequências. Experiências com, por exemplo, cigarros com filtro e light demonstraram que “produtos mais seguros” prejudicam o desejo de parar de fumar e não melhoraram a saúde dos fumadores13. Não existe evidência de que os produtos de tabaco aquecido sejam eficientes como ajuda para a cessação tabágica. O uso concomitante é muito frequente em outros produtos de redução de danos, como e-cigarros (aproximadamente 70-80%)14,15 e snuff/snus (> 40%)16 e o uso duplo de cigarros de tabaco aquecido combinados com cigarros convencionais não pode ser descartado. Finalmente, ex-fumadores e não fumadores podem sentir-se tentados a começar a usar este produto alegadamente inofensivo e uma re-normalização do tabagismo em público pode ocorrer17. A experiência com o e-cig mostra que o risco de porta-de-entrada na adição à nicotina é real, sobretudo nos adolescentes, que poderão também tornar-se consumidores de cigarros.18,19
Existe evidência suficiente sobre emissões de compostos nocivos e potencialmente prejudiciais a partir de PTA que sugerem que a exposição passiva ou em segunda mão a estas partículas é menor, mas mensurável. No caso das crianças esta exposição pode ser ainda mais prejudicial por serem particularmente susceptíveis aos efeitos do fumo passivo, devido a respirarem mais depressa, a uma maior área de superfície do pulmão e relativa imaturidade dos mesmos. As crianças são também incapazes de controlar o seu ambiente e, por isso, não podem tomar medidas para evitar a exposição ao fumo passivo.20-22 Esta mensagem deve ser clara e explícita para todos os pais e cuidadores de crianças por forma a reforçar atitudes conscienciosas para a protecção dos menores.
A Comissão Europeia sublinha que “no que diz respeito à venda, apresentação e fabrico destes produtos na UE, as disposições relevantes da Diretiva relativa aos produtos do tabaco aplicam-se e devem ser aplicadas. Isso inclui a proibição de elementos enganosos previstos no Artigo 13 e, principalmente, qualquer sugestão de que um determinado produto do tabaco seja menos prejudicial do que outros”.23

No que diz respeito à legislação Portuguesa, a Lei n.º 63/2017 “abrange no conceito de fumar os novos produtos do tabaco sem combustão que produzam aerossóis, vapores, gases ou partículas inaláveis e reforça as medidas a aplicar a estes novos produtos em matéria de exposição ao fumo ambiental, publicidade e promoção (…)”.24

Um painel científico especializado aconselhou a Food and Drug Administration (FDA) a votar contra a alegação da indústria do tabaco de que os produtos aquecidos do tabaco reduzem o risco de doenças relacionadas ao tabaco e que o iQOS está associado a menor risco do que continuar a fumar cigarros convencionais.25

A Sociedade Europeia Respiratória emitiu também um comunicado sublinhando que não pode recomendar produtos que sejam prejudiciais aos pulmões e à saúde humana, como é o caso dos PTA.26

Doze sociedades médicas e científicas tomam posição conjunta: produtos de tabaco aquecido não são recomendados e apresentam graves riscos para a saúde


Doze sociedades científicas e organizações de saúde portuguesas uniram-se numa posição conjunta em relação aos produtos de tabaco aquecido por estarem “fortemente preocupadas com o surgimento de novos produtos de tabaco e com as alegações da indústria sobre o risco reduzido destes dispositivos”, refere o documento assinado pelas várias entidades.
Sociedade Portuguesa de Pneumologia, Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar/Grupo de Estudo de Doenças Respiratórias, Confederação Portuguesa de Prevenção do Tabagismo, Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular, Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária, Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho, Sociedade Portuguesa de Oncologia, Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia e Sociedade Portuguesa de Pediatria são as entidades signatárias desta posição conjunta.
“Não devemos permitir que o debate em torno dos novos produtos do tabaco nos distraia do principal objetivo em questão – promover medidas regulatórias que sabemos serem eficazes na redução do tabagismo e continuar a apoiar aqueles que desejem parar de fumar. Em conclusão, as sociedades médicas e científicas aqui representadas não recomendam a utilização de produtos de tabaco aquecido, alertam para os seus riscos e mantêm a firme convicção de que a melhor forma de salvaguardar a saúde humana é a prevenção da iniciação de qualquer forma de consumo e o apoio médico para cessação tabágica” é a posição defendida pelo conjunto das organizações.
Em anexo segue o documento que foi elaborado e assinado numa reunião entre as doze sociedades científicas e organizações de saúde, que decorreu no dia 8 de março de 2019 na sede da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.




Porque é que estamos cada vez mais gordos ?

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