sexta-feira, 22 de março de 2019

Optometristas exercem em Portugal há mais de 30 anos


Dia Mundial da Optometria assinala-se a 23 de março
Optometristas exercem em Portugal há mais de 30 anos
A Associação de Profissionais Licenciados em Optometria (APLO) vai assinalar amanhã o Dia Mundial da Optometria, com o objetivo de destacar a importância mundial desta especialidade na prestação de cuidados primários para a saúde da visão, com mais de 200 anos de existência. Em Portugal existem perto de dois mil profissionais nesta área, formados na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior e na Escola de Ciências com colaboração da Escola de Medicina da Universidade do Minho.
Raúl Sousa, presidente da APLO, sublinha que “ao longo dos últimos 30 anos, os Optometristas têm exercido a atividade com a autonomia que os carateriza e para a qual são formados, assumindo um papel de destaque na nossa sociedade, ao contribuir para o acesso atempado da população a meios de prevenção, diagnóstico e tratamento dos mais diversos problemas da visão. Estima-se que cada profissional de Optometria consiga realizar em média seis mil consultas por ano e representa bem mais de metade da totalidade das prescrições para óculos e lentes de contacto no país”.
E acrescenta: “a importância desta classe profissional tem sido corroborada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pela Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira e, recentemente, pelo estudo da Nova Healthcare Initiative – Research, da Universidade Nova de Lisboa, que declara que, bastaria integrar 61 optometristas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para solucionar cerca de 25 por cento dos pedidos de primeira consulta da especialidade de oftalmologia, por forma a eliminar as listas de espera para esta especialidade médica no SNS, que rondam em média seis meses, com máximos de três anos”.
Para assinalar a importância do optometrista, a APLO vai realizar ao longo do ano diversas iniciativas, como sessões educativas em escolas primárias e campanhas de consciencialização para a prevenção e diagnóstico atempado dos principais problemas da visão.
Mais de dois milhões de pessoas apresentam dificuldades moderadas ou graves de visão em Portugal, sendo os erros refrativos a principal causa de disfunção da visão, atingindo, segundo as estimativas, mais de 50 por cento dos portugueses. O número de pessoas com problemas de visão tende a aumentar conforme a idade, alcançando entre 30 a 32 por cento no grupo etário entre os 45 e os 74 anos.
“Dado que a partir dos 45 anos de idade é necessário utilizar compensação devido à presbiopia (vista cansada), a consulta optométrica para avaliação desta condição, bem como toda a avaliação do sistema visual e estruturas oculares, como o fundo de olho, permite detetar alterações de forma precoce de um número muito significativo de várias patologias. Desta forma, os optometristas desempenham um papel de fundamental relevância na referenciação para intervenção precoce, resultando num benefício extraordinário para a saúde da população com a poupança de recursos e despesa que lhe estão associadas”, aponta Raúl Sousa. “É esse o motivo pelo qual a OMS e Portugal concordaram no Plano de Ação Global: Acesso Universal aos Cuidados para a Saúde da Visão. Contudo, este é um objetivo que tem de ser concretizado na prática, em lugar de ceder aos interesses instalados que pretendem manter Portugal com a organização e nível de acesso aos cuidados de saúde da visão, baseados em conhecimento e práticas do século XVIII.”
O optometrista é um especialista dos cuidados da saúde primários da visão que fornece cuidados abrangentes em visão e sistema visual, que incluem refração e prescrição, deteção/diagnóstico e acompanhamento/tratamento de doenças oculares e a reabilitação/tratamento de condições do sistema visual.

quinta-feira, 14 de março de 2019

Dia Mundial do Rim assinala-se a 14 de Março


Doença renal crónica e doença cardiovascular: uma relação duplamente prejudicial
A saúde do seu coração e dos seus vasos está ligada à saúde dos seus rins. E vice-versa. Ter uma doença cardíaca coloca-o em risco de doença renal.
À medida que o coração envia sangue para todo o corpo, os rins filtram esse sangue, removendo as suas impurezas, de forma a assegurar que o sangue tenha as quantidades certas de nutrientes e minerais. Ajudam também a manter a pressão arterial em valores controlados e contribuem para a formação de hormonas e vitaminas. Na doença renal crónica estas funções vão-se degradando progressivamente, inicialmente sem sintomas, pelo que apenas com análises podemos aperceber-nos de algum problema. Nos países ocidentais aproximadamente um em cada dez adultos tem doença renal crónica.
As pessoas com doença renal crónica (DRC) têm maior risco de morte por doença cardiovascular do que por uma causa renal. Isto deve-se a vários fatores, nomeadamente:
·         Porque a DRC leva à acumulação de substâncias tóxicas que agridem os vasos e o coração e aumentam o risco de arritmias por vezes fatais;
·         Pelo aumento da pressão arterial (hipertensão) que ocorre na DRC e que é o maior fator de risco para acidente vascular cerebral e o segundo, logo atrás do colesterol, para o enfarte agudo do miocárdio.
A hipertensão leva também à lesão dos vasos nos rins e em conjunto com a diabetes constituem a maior causa de doença renal crónica entre nós. É importante assim o controlo da pressão arterial e da glicémia, de modo a reduzir as complicações renais. Fazer exercício, não fumar, cumprir a medicação para a hipertensão arterial ou para a diabetes, são fundamentais para manter os rins saudáveis. Escolha alimentos e bebidas com baixo teor de açúcar e sódio (sal).
A Medicina Interna dedica-se ao diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças com repercussão em diversos sistemas. É exatamente isso que acontece nestes doentes. Os fatores de risco para doença renal e cardiovascular são muitas vezes os mesmos (já aqui falámos da diabetes e da hipertensão arterial). A DRC conduz também a alterações a nível ósseo e à anemia, em grande parte pela menor produção de eritropoietina pelo rim. A eritropoietina tem como função principal estimular a produção de glóbulos vermelhos na medula óssea. A presença de anemia implica um maior esforço do coração para fazer com que a mesma quantidade de oxigénio, transportado pelos glóbulos vermelhos, chegue a todo o organismo.
A longo prazo a doença cardiovascular e renal levam a insuficiência cardíaca. Esta é a maior causa de internamento nas enfermarias de Medicina Interna e uma causa significativa de mortalidade nos doentes mais frágeis. Ocorre pela falência do coração, que não consegue como dantes enviar o sangue consoante as necessidades do nosso corpo. O cansaço, a falta de ar para esforços progressivamente menores, ou o edema (inchaço) das pernas são sinais e sintomas de uma potencial insuficiência cardíaca, mas podem ter muitas outras origens, pelo que a avaliação por um médico é necessária para chegar a uma conclusão correta.
O especialista em Medicina Interna tem um papel integrador de cuidados nestes doentes com doença cardíaca e renal, colaborando com especialidades como a Nefrologia, a Cardiologia e a Medicina Geral e Familiar, avaliando estas pessoas como um todo, de forma a prevenir a doença e a diagnosticá-la e tratá-la precocemente, evitando complicações irreversíveis.
Artigo de Opinião de Francisco Araújo, Internista e Membro do NEPRV

quinta-feira, 7 de março de 2019

A grávida com doença crónica: Diabetes Mellitus


Dia Internacional da Mulher assinala-se a 8 de março
A grávida com doença crónica: Diabetes Mellitus
Todas as mulheres com doenças crónicas, como hipertensão arterial, asma, diabetes, obesidade, epilepsia, lúpus ou depressão, devem pedir apoio ao seu médico quando planeiam engravidar. Sejam os médicos de família, os internistas (médicos que diagnosticam e seguem uma grande parte das mulheres com doenças crónicas nos hospitais) ou outros especialistas que sigam as pessoas com doenças crónicas, devem ser equacionados os riscos para a mulher e para o bebé, nomeadamente a possibilidade da doença complicar o curso da gravidez, da gravidez descompensar a doença e, em particular, os eventuais riscos da medicação.
Durante a gravidez e amamentação há medicação que se sabe que é segura (ou seja, que não faz mal ao bebé) e pode mesmo ser essencial, mas há igualmente medicação que não deve ser tomada. Nestas situações, os médicos devem ser capazes de esclarecer e ajudar as mulheres a decidir, ou encaminhá-las para colegas que o façam. Há casos em que a mulher deve ser aconselhada a esperar pelo melhor controlo da doença, outros em que quanto mais adiar, pior o prognóstico, e ainda casos, muito raros, em que a gravidez ou a amamentação devem ser mesmo contraindicadas, sendo que estas situações devem ser bem discutidas e esclarecidas com a mulher e família, e se necessário, com o parecer de vários médicos.
A Diabetes Mellitus é uma alteração do metabolismo da glucose (açúcar) que afeta progressivamente todo o organismo. Existem vários tipos de Diabetes: Diabetes tipo 1, Diabetes tipo 2 e Diabetes Gestacional são os mais comuns. Globalmente e em especial nos países desenvolvidos, o número de doentes com Diabetes está a aumentar, atingindo quase 10 por cento dos adultos.
A Diabetes tipo 1 é geralmente diagnosticada na infância ou juventude e obriga a medicação com insulina. A Diabetes tipo 2 é habitualmente diagnosticada em adultos, frequentemente associada ao excesso de peso e deve ser gerida com medidas gerais, especialmente dieta e exercício físico, e muitas vezes evolui para a necessidade de medicação com comprimidos e/ou insulina.
Com adequados cuidados de saúde há cada vez mais meninas com Diabetes tipo 1 a chegar à idade adulta e a terem filhos. Pelo crescente número de grávidas mais velhas e de grávidas com excesso de peso, há também cada vez mais grávidas com Diabetes tipo 2. As mulheres com ambos os tipos desta doença têm maior risco de complicações na gravidez (gravidez de risco) e por isso devem procurar planear e vigiar.
Planear – ainda antes de engravidar e com apoio médico, dieta e terapêutica adequadas, devem otimizar-se os valores da glicémia, pois com adequados níveis antes da gravidez, diminui-se o risco de malformações e perdas fetais. Devem rever-se também as eventuais lesões já causadas pela Diabetes, para ajustar a medicação e diminuir o risco de as agravar. Ao engravidar, é muito importante não suspender a medicação sem indicação médica.
Vigiar – durante a gravidez, estas doentes devem ser apoiadas em consultas frequentes, quer para vigilância da doença, quer para vigilância da gravidez (e por vários profissionais: médico de família, internista ou endocrinologista, obstetra, enfermeiros, dietistas) – é normal e desejável terem muito mais consultas que fora da gravidez e muito mais consultas que as grávidas saudáveis. Com o planeamento e vigilância adequados, o processo de gestação torna-se muito mais seguro e a mãe e o bebé mais saudáveis. Na maioria dos casos, as diabéticas podem ter partos vaginais, mas estes devem sempre ser feitos em meio hospitalar.
Por outro lado, durante a gravidez todas as mulheres passam por mudanças no metabolismo que as tornam um pouco mais parecidas com as diabéticas e muitas chegam mesmo ao diagnóstico de Diabetes Gestacional (DG): este tipo de Diabetes é muito mais ligeiro, pode precisar ou não de medicação, e geralmente “desaparece” pouco depois do final da gravidez.
Em Portugal recomenda-se que todas as grávidas (sem Diabetes conhecida) façam análises para rastreio da doença. Para um crescimento seguro e harmonioso dos bebés, e também para diminuir o risco de complicações para elas mesmas, as grávidas com DG devem fazer um controlo cuidadoso da glicémia, da dieta e exercício físico (quando possível). Se necessário, serão aconselhadas a iniciar medicação, com comprimidos ou insulina. Depois do parto, estas mesmas mulheres devem colher novas análises para confirmar se os valores glicémicos voltaram ao normal (é o mais comum), ou se seria uma Diabetes tipo 1 ou tipo 2 que não tinha sido diagnosticada. Mesmo que as análises normalizem, estas mulheres e os seus bebés têm maior risco de vir a desenvolver Diabetes (noutras gravidezes e ao longo da vida) e doenças cardiovasculares, por isso merecem todos ser vigiados e aconselhados para favorecer hábitos saudáveis e peso ideal.
Artigo de Opinião de Inês Palma Reis, Internista e Coordenador do NEMO

Porque é que estamos cada vez mais gordos ?

Hoje assinala-se o Dia Nacional de Luta contra a Obesidade Estudos mostram que a obesidade é mais passível de preconceito e discriminação do...