quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

800 mil portugueses com Doenças Raras: em que estado estamos?


Dia Mundial das Doenças Raras assinala-se a 28 de março
800 mil portugueses com Doenças Raras: em que estado estamos?
Doença rara é aquela que tem uma incidência de um caso em cada 2.000 pessoas. Estão hoje identificadas cerca de 7.000 deste género: cerca de 80 por cento tem carater genético, existe capacidade de confirmação diagnóstica laboratorial precisa para cerca de 3.600 casos e terapêutica específica para 10 por cento das entidades.
Estima-se que em Portugal existam aproximadamente 800.000 pessoas portadoras destas patologias.
Atualmente o enquadramento desta subpopulação de pacientes em Portugal está protegido por uma Estratégia Integrada para as Doenças Raras, em implementação através de uma abordagem integrada dos Ministérios da Saúde, Segurança Social e Educação, que pretende responder às necessidades sanitárias, sociais e educativas destes doentes.
Do ponto de vista sanitário, a espinha dorsal assistencial assenta no estabelecimento de uma rede de referenciação eficaz e da consolidação de centros de referência que prestem cuidados diferenciados, de elevada especialização, com dispensa de medicamentos órfãos, capacidade formativa específica de profissionais de saúde, organização de registos e investigação médica, e integração em redes de conhecimento europeias, como a European Reference Network (ERN).
Todo este processo está em curso e estão já designados em Portugal, pelo Ministério da Saúde, centros de referência para oito áreas de Doenças Raras. Ainda um número restrito de intervenção, mas que abrange já algumas centenas de doenças deste campo. Os centros de referência são necessariamente unidades hospitalares centrais da carta hospitalar portuguesa que são constituídos por equipas multidisciplinares certificadas pelo Ministério da Saúde, e algumas delas já integradas na ERN.
A estratégia organizativa de uma rede de referenciação beneficia já de normas de referenciação estabelecidas pela Direção-Geral da Saúde para vários centros de referência, as quais se encontram publicadas e em divulgação nos serviços de saúde, desde os cuidados primários.
Foram estabelecidos pela Comissão Europeia e pelo IRDIRC (Consórcio Internacional de Investigação para as Doenças Raras) que até 2020 deve ser estabelecido diagnóstico para todas as Doenças Raras (atualmente já possível para cerca de 3.600), assim como terapêutica para 200 casos. Já para 2027 espera-se serem realizados diagnósticos no espaço de um ano para a totalidade das Doenças Raras, e efetuadas terapêuticas para 2.000 patologias deste género.
Espera-se, entre nós, que nos próximos anos haja a ampliação progressiva desta estratégia e uma maior abrangência das doenças, perseguindo aqueles objetivos.
A Medicina Interna, especialidade eminentemente hospitalar, possuidora de uma visão holística da pessoa doente, que lida com a multimorbilidade e com a patologia complexa, multissistémica, está posicionada privilegiadamente para equacionar a Doença Rara. É, por outro lado, a especialidade da Medicina da idade adulta, que deve receber o doente pediátrico a quem foi diagnosticada Doença Rara, devendo assegurar os cuidados durante o resto do seu ciclo de vida. Sendo os medicamentos órfãos essencialmente de dispensa hospitalar, e sendo o hospital o habitat natural do internista, espera-se dele a capacidade de orientar o seu manejo em múltiplas situações. Os serviços de Medicina Interna estão presentes em toda a carta hospitalar, desde a escala distrital, cobrindo todo o país, e têm a obrigação de estabelecer a maior rede de comunicação intra-hospitalar e com os cuidados de saúde primários e a Medicina Geral e Familiar, facilitando a rede de referenciação para as Doenças Raras, e articulando-se com os centros de referência. Julga-se indispensável que todas as equipes multidisciplinares destes centros incluam internistas.
Numa época de evolução das ciências biomédicas, em que a Medicina de precisão, personalizada, centrada no doente em todas as suas vertentes biopsicossociais, em que a relação médico-doente, associada a uma extraordinária evolução tecnológica da intervenção biomédica, volta a ser pedra angular no sucesso dos cuidados de saúde, a posição da Medicina Interna, eminentemente clínica, gestora do doente e da utilização criteriosa dos meios complementares e terapêuticos, detém enorme responsabilidade na prestação dos cuidados de saúde, incluído na área das Doenças Raras.

Artigo de Opinião de Luís Brito Avô, Internista e Coordenador do NEDR

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

A idade aumenta e os cuidados a ter com os pés também


Artigo de Opinião de Francisco Oliveira Freitas, podologista responsável pelo Centro de Podologia de Famalicão
A idade aumenta e os cuidados a ter com os pés também
A esperança média de vida aumentou notavelmente e, com ela, regista-se um envelhecimento considerável da população. Em Portugal, segundo dados da PORDATA, registaram-se mais de 2.1 milhões de idosos em 2017, o que equivale a cerca de 21 por cento da população total no país. Já um recente estudo da consultora Euromonitor International apontou a população portuguesa como a quinta mais envelhecida do mundo.
O processo de envelhecimento traz consigo, habitualmente, complicações diversas na saúde das pessoas, e os pés não são exceção. Entre as principais causas para o surgimento de alterações podológicas no idoso estão: a presença de traumas e/ou problemas anatómicos do pé, que por falta de diagnóstico ou tratamento incorreto, têm danificado a estrutura do membro inferior; o uso de calçado desadequado ao longo da vida; e a regular realização de atividades que requeiram estar muito tempo de pé.
O sedentarismo, a obesidade e a presença de doenças crónicas, como a diabetes ou a doença arterial periférica, que contribuem para a má circulação sanguínea, são igualmente fatores impulsionadores do aparecimento de doenças podológicas.
Mas quais são as complicações mais frequentes no pé de um idoso?
As doenças mais comuns na podologia geriátrica são o pé diabético, as artroses, as artrites, as calosidades e as onicomicoses.
O pé diabético é uma condição associada a presença da diabetes, que se carateriza pela perda da sensibilidade do pé, fazendo com que a pessoa deixe de sentir dor, mudanças de temperatura, etc. Para além disto, a pele do pé começa a secar, o que leva ao surgimento de feridas, queimaduras ou bolhas, que posteriormente podem dar origem a infeções.
A osteoartrose, ou artrose, é uma doença degenerativa que resulta na diminuição da espessura da cartilagem articular, podendo levar ao seu desaparecimento. Nestes últimos casos, a inexistência desta cartilagem leva a que duas superfícies ósseas entrem em contacto, o que acaba por dar origem a dores e dificuldades motoras.
Já a artrite reumatoide é uma doença crónica que se define pela inflamação articular que pode mesmo levar à danificação e consequente destruição do tecido articular. Para além das dores e dificuldades de locomoção, a artrite é detetada aquando da existência de um derrame articular, vermelhidão, calor ou dor durante a movimentação.
As calosidades, comummente denominadas por calos, constituem uma camada espessa de células mortas, que se forma no seguimento da contínua pressão exercida pela utilização de meias ou calçado inadequados, assim como pelo excessivo esforço físico a que o pé pode ser submetido. Existem fundamentalmente dois tipos de calos: os calos moles, que se desenvolvem entre os dedos, e os calos duros, que surgem nas extremidades dos dedos.
Também conhecida como micose das unhas, a onicomicose é uma doença infeciosa derivada da presença de fungos nas unhas do indivíduo. Esta pode ser causada pela utilização de produtos de beleza, pelo contacto de agentes externos (por exemplo, sujidade no solo), ou pela incorreta desumidificação do calçado. A higiene é uma das medidas essenciais para a prevenção da onicomicose.
O que se pode fazer?
Se não forem diagnosticadas e tratadas a tempo, estas doenças podem afetar negativamente a mobilidade dos idosos, provocar instabilidade postural e pôr em causa a qualidade de vida.
Para além de estar sempre atento à sua saúde e visitar com regularidade um podologista, deverá adotar alguns hábitos de cuidados dos seus pés (sendo idoso ou não): manter uma boa e diária hidratação; cortar as unhas de forma reta (não cortando os cantos); fazer higiene diariamente, tendo o cuidado de secar bem nos espaços interdigitais; usar meias de fibras naturais (preferencialmente em algodão ou lã); usar calçado de tamanho apropriado e, se possível, em pele; evitar calçado de tacão alto; evitar andar descalço em lugares públicos.

Sobre o Centro de Podologia de Famalicão
O Centro de Podologia de Famalicão foi a primeira Clínica de Vila Nova de Famalicão dedicada exclusivamente à consulta de Podologia, proporcionando o bem-estar dos pacientes e dos seus familiares, com técnicas de prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação das patologias dos pés.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Espera por consulta de oftalmologia ronda os 6 meses


Estudo propõe melhoria no acesso aos cuidados de saúde da visão em Portugal
Espera por consulta de oftalmologia ronda os 6 meses

Um estudo realizado pela Nova Healthcare Initiative – Research, da Universidade Nova de Lisboa, revela que 25 por cento dos pedidos de consulta de oftalmologia podem ser resolvidos por optometristas, dada a natureza das condições referenciadas e caso estes profissionais fossem integrados no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Esta é uma das resoluções apresentadas por este trabalho de investigação, e que visa “a generalização dos programas de rastreio e a redução ou mesmo eliminação dos tempos de espera para consulta de oftalmologia”.

Segundo dados do Ministério da Saúde, apenas cerca de 53 por cento das consultas de oftalmologia são realizadas em conformidade com o tempo máximo de resposta garantida. No entanto, os números apontam para um tempo de espera de cerca de seis meses com máximos de aproximadamente três anos, os segundos piores resultados para uma especialidade do SNS.

Para Raúl de Sousa, presidente da Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO), “esta é uma realidade que poderia ser retificada através da regulamentação e integração de optometristas no SNS, uma vez que que esta especialidade está preparada para fornecer cuidados extensivos em visão e sistema visual, que incluem refração e prescrição, deteção e acompanhamento de doenças oculares e o tratamento de condições do sistema visual. Esta capacidade dos optometristas é fundamentada na sua formação específica e distinta das outras profissões de saúde da visão, enquadrada na área de saúde pela Direção-Geral de Ensino Superior, e realizada na Faculdade de Ciência de Saúde da Universidade da Beira Interior e na Escola de Ciências com a cooperação da Escola de Medicina da Universidade do Minho”.

Com isto, acrescenta o especialista, “se considerarmos que um optometrista pode realizar em média 6.000 consultas por ano, a implementação desta classe profissional no SNS conseguiria minimizar as listas de espera, através da triagem de casos que seriam posteriormente encaminhados para os cuidados de saúde diferenciados de oftalmologia”.

“Tomamos estas recomendações em muito boa conta e concordamos com a abordagem multidisciplinar proposta de cooperação entre os optometristas e oftalmologistas, a qual beneficiará, e muito, o utente. As conclusões e recomendações do referido estudo são de tal importância e preveem tal impacto na saúde dos portugueses, que não podem deixar de ser analisadas e considerada no atual processo de elaboração da Estratégia Nacional para a Saúde da Visão”.

Mais de dois milhões de pessoas apresentam dificuldades de visão em Portugal, sendo os erros refrativos a principal causa de disfunção da visão, atingindo, segundo as estimativas, mais de 50 por cento dos portugueses. De seguida surgem a ambliopia, a diabetes ocular, a catarata, entre outros. O número de pessoas com problemas de visão tende a aumentar conforme a idade, alcançando entre 30 a 32 por cento no grupo etário entre os 45 e os 74 anos.

Este estudo, conduzido pela Nova Healthcare Initiative – Research, teve como objetivo analisar o acesso dos doentes aos cuidados de saúde da visão em Portugal e propor recomendações de melhoria do SNS. O documento pode ser consultado em

: http://healthcare.novasbe.unl.pt/our-research/other-publications/29-relatorio-sobre-cuidados-de-saude-da-visao

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Do enfarte agudo do miocárdio ao assumir da doença

Artigo de Opinião de Pedro Marques da Silva, Internista e Coordenador do NEPRV
Do enfarte agudo do miocárdio ao assumir da doença
“Doutor, de repente, senti uma dor no peito, uma dor aguda, persistente… Durou muito tempo, um bom período da noite. A certa altura a pressão no peito era tão grande que julguei que ia morrer. Tentei não dar importância, até porque já tinha, de vez em quando, um ardor no peito, um formigueiro. Tentei andar, mas faltava-me força nas pernas, tive vontade de vomitar e deu-me uns suores muito frios e comecei a suar. Não é que eu seja medroso, mas fiquei muito preocupado. O coração mete-nos sempre medo. A minha mulher chamou logo o 112. Foi um enfarte do miocárdio. Agora o que mais me preocupa é que volte a acontecer, que torne a dar-me qualquer coisa.”

As declarações anteriores representam a normal abordagem que um doente tem após sofrer um enfarte agudo do miocárdio. Infelizmente, este não é um caso único. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico sublinha que as doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte nos estados membros da União Europeia, com cerca de 36 por cento das mortes em 2010. Apesar de, em 2016, ter havido um decréscimo de 8,1 por cento nos internamentos por doenças do aparelho circulatório, com relevo especial para a diminuição das hospitalizações por enfarte agudo do miocárdio, as DCV foram nesse mesmo ano responsáveis por 29,6 por cento dos óbitos (7.368 mortes), sem haver qualquer alteração no número de mortes por Doença Isquémica Cardíaca, e com um agravar, merecedor de reflexão, da mortalidade prematura abaixo dos 70 anos.
Não surpreende que o nosso doente se sinta assustado e confuso após o enfarte do miocárdio. Mas agora vai querer continuar a viver com esperança e alegria. Vai, naturalmente, receber muitas informações e instruções do seu médico. Vai começar a tomar novos medicamentos que pretendem protegê-lo a ele e ao seu coração. Nasce um “novo” tempo de reflexão, de ponderação, em que se tenta entender tudo o que aconteceu e em que se começa a compreender que também tem uma responsabilidade partilhada, talvez a maior, com o seu médico, com a sua equipa de saúde, na sua recuperação, na diminuição do risco de novos problemas e no prolongar da sua esperança e qualidade de vida. 
Depois de um primeiro evento cardíaco, felizmente, a maioria das pessoas podem esperar uma vida longa e produtiva. Mas cerca de 20 por cento dos doentes, depois dos 45 anos, pode ter um outro episódio cardíaco, especialmente nos primeiros cinco anos após o evento inicial. Por  
isso, é importante ressalvar algumas recomendações para evitar um novo enfarte, assim como é fundamental apreender que se tem de fazer da prevenção (cardiovascular) uma prioridade:
·         Tome os seus medicamentos tal como lhe foi indicado. Cumpra a sua medicação, nas doses e número de tomas que lhe foram prescritas. Os medicamentos vão diminuir o risco de ocorrência de outro evento cardíaco e cardiovascular. Por isso é importante entender que deve manter a sua medicação e tomá-la corretamente.
·         Mantenha e respeite o acompanhamento regular e indicado pelo seu médico. Faz parte da tal responsabilidade compartilhada. Afinal, é a única maneira do seu médico, e da sua equipa de saúde, acompanharem a sua condição e recuperação clínica. Aproveite ao máximo o tempo de consulta do médico, transmita-lhe as dúvidas, as incertezas e, porque não, também alguns dos seus receios e dos seus sucessos.
·         Participe, sempre que possível, em programas de reabilitação cardíaca. Este é um plano, supervisionado por um médico, que o ajudará a recuperar do enfarte do miocárdio, a melhorar a sua saúde e bem-estar, e a mudar os seus hábitos de vida, através de treino físico, educação e aconselhamento, reduzindo o stress, ao mesmo tempo que pretende diminuir a possibilidade de ocorrência futura de novos aborrecimentos e preocupações. Em princípio deve ter recebido, na altura da alta, indicações para ser encaminhado para a reabilitação cardíaca, mas se por acaso isto não ocorreu, diga ao seu médico que gostava de saber mais sobre reabilitação cardíaca.
·         Mantenha um bom suporte psicossocial. Já dissemos que é normal sentir-se aturdido, preocupado e confuso depois de um enfarte cardíaco. Partilhe essas apreensões com a sua família, com os seus amigos, mas, não se esqueça, também com o seu médico. Às vezes pode ser útil ter um apoio mais diferenciado, com um psicólogo clínico, por exemplo, ou fazer alguma medicação particular, como no controlo da ansiedade desproporcionada.
·         E não se esqueça de saber quais são os fatores de risco que favoreceram o desenvolvimento e a ocorrência do seu enfarte. Não se esqueça que 55 por cento dos portugueses entre os 18 e os 79 anos tem dois ou mais fatores de risco. Não queira pertencer ao grupo. É preciso reconhecer, tratar e controlar os fatores de risco (a pressão arterial elevada, o colesterol aumentado, a presença da diabetes). Pare de fumar, escolha uma alimentação equilibrada e saudável, mantenha uma vida ativa e, se for caso disso, controle e mantenha o seu peso. Fale com a equipa de saúde sobre os seus fatores de risco e aprenda o que deve fazer para os tratar e controlar. São anos que ganha de vida feliz e saudável, pois você merece.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Miguel Casimiro assume liderança da SPPCV


Sociedade científica tem novo presidente para 2019-2020
Miguel Casimiro assume liderança da SPPCV
A Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral (SPPCV) acaba de nomear o neurocirurgião Miguel Casimiro para presidente da direção nos próximos dois anos (2019-2020).
Licenciado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Lisboa, Miguel Casimiro é especialista em neurocirurgia desde 2004. Dedica-se à cirurgia minimamente invasiva da coluna e foi pioneiro na cirurgia endoscópica da coluna em Portugal. Foi vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia (2013-2014), da Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral (2017-2018) e da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (2017-2018).
A nova direção da SPPCV é também constituída pelos médicos Jorge Alves (vice-presidente), Carla Reizinho (vice-presidente), Bruno Santiago (tesoureiro) e Nuno Neves (secretário-geral).
Nos próximos dois anos, a SPPCV pretende reforçar o seu posicionamento no ensino e investigação científica junto dos profissionais de saúde, com a organização de congressos, conferências, cursos e atividades relacionadas, e manter o seu apoio na realização de estudos no âmbito das patologias da coluna vertebral.
Pretende ainda continuar a contribuir para o apoio, desenvolvimento e implementação de campanhas de sensibilização dirigidas aos doentes e ao público em geral.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

A Medicina Interna não trata o doente apenas: respeita-o



Dia Mundial do Doente assinala-se a 11 de fevereiro
A Medicina Interna não trata o doente apenas: respeita-o
O Dia Mundial do Doente foi instituído com o intuito “de apelar à humanidade para que seja promovido um serviço de maior atenção à pessoa doente”.
A especialidade de Medicina Interna serve bem este objetivo. O internista é, no hospital, o verdadeiro gestor do doente, atendendo os doentes complexos na sua dimensão global. Trata-se, basicamente, do “maestro” da orquestra em dois sentidos, porque não olha apenas o “órgão”, mas faz a abordagem global de todos os órgãos e sistemas e, por isso, vê a pessoa como um todo e consegue conjugar as opiniões e orientações das diversas especialidades, integrando-as naquele doente concreto. Com esta abordagem, necessariamente, é o médico mais vocacionado para também dar a palavra amiga, atentar nas necessidades da família e do doente, colocando-o no centro da sua atenção e no centro do sistema de saúde, lutando por modelos de organização que privilegiem o tratamento integral do doente, daquele doente.
Nos tempos atuais, os doentes são cada vez mais complexos, portadores de múltiplas doenças crónicas e, portanto, mais sujeitos a descompensação. A Medicina Interna está na primeira linha do atendimento destes doentes no hospital, pois é a maior especialidade médica hospitalar, com 2.600 especialistas inscritos na Ordem dos Médicos. Os serviços de Medicina Interna são responsáveis por 43 por cento de todas as altas hospitalares, 70 por cento dos AVC’s internados, 80 por cento das insuficiências cardíacas, doenças pulmonares obstrutivas crónicas, pneumonias e lupus, e 30 por cento dos doentes diabéticos internados nestes serviços.
Os médicos de Medicina Interna estão presentes em todos os hospitais do país. O internista está onde o doente precisa dele, nos internamentos hospitalares ou no domicílio, nas consultas, no serviço de urgência, na emergência, na consultadoria ao doente internado nos serviços de especialidades médicas e cirúrgicas, nos cuidados continuados, nos cuidados intensivos ou intermédios, nos hospitais de dia ou nos cuidados paliativos.
Quer naqueles com doença crónica, quer na circunstância de uma patologia aguda, os doentes devem ter uma resposta contínua, integrada, preventiva, centrada. Por isso, o modelo atual de organização hospitalar, quase sempre espartilhado por órgãos ou sistemas, é inadequado. Os doentes deveriam ser admitidos em departamentos geridos pela Medicina Interna, que coordenaria a intervenção das outras especialidades.
Exemplo dos doentes que tipicamente o internista cuida são os idosos, com as suas patologias crónicas que, muitas vezes, mantêm um equilíbrio ténue. É aquele doente que tem insuficiência cardíaca e doença pulmonar crónica, pode até estar equilibrado da sua diabetes, mas que fica com gripe, o que basta para que tudo se desequilibre. Além disso, tem uma história de quedas frequentes: será que fez algum traumatismo; a pressão arterial está muito baixa; toma a medicação prescrita; estará polimedicado? A somar, sabe-se também que existem dificuldades económicas, está desnutrido, vive sozinho e está deprimido e um pouco desorientado. A tudo isso o internista tem de estar atento, quer saber e vai querer resolver. A seguir vai selecionar as melhores terapêuticas, individualizadas para aquela pessoa e que lhe poderão permitir uma melhor qualidade de vida e a manutenção do seu estado funcional, sustentadas no respeito das preferências de cada doente.

Outro exemplo é um doente mais jovem, que tem dores nas articulações, que se sente cansado, tem anemia, tem tido mais infeções do que seria normal, tem alterações na pele, umas “manchas”, “alergias”, está ansioso porque não sabe o que tem, mas sente-se mal. Fez alguns exames e já consultou vários especialistas, mas continua sem perceber o que se passa. Igualmente aqui o internista pode juntar todas as “peças” e diagnosticar, talvez uma doença autoimune sistémica. Neste doente também haverá necessidade de atender todos os aspetos da doença, incluindo os psicológicos, familiares e sociais. Com este doente, como com todos os outros, serão discutidas as opções terapêuticas, ouvidas com atenção as preocupações, ainda que muitas vezes os constrangimentos económicos dificultem as escolhas terapêuticas ou as pressões de tempo atrapalhem estes momentos de comunicação e de fortalecimento da relação médico-doente, tão necessários à confiança e contribuindo para um melhor êxito do tratamento.
Os internistas tratam o doente e respeitam o conceito de saúde na definição da Organização Mundial de Saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente ausência de afeções e enfermidades”. Olham a pessoa na sua globalidade e diversidade. Por isso, o internista continuará a ser, sem dúvida, a base confiável do Serviço Nacional de Saúde no hospital, mantendo o seu paradigma do conhecimento profundo e científico das doenças, aliando competência a cada vez mais conhecimento.

Artigo de Opinião de Lèlita Santos, Internista e Membro da SPMI

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Primeiro aparelho auditivo com recurso a fonte de energia renovável chega a Portugal este ano

Widex lança tecnologia inovadora no mundo



Primeiro aparelho auditivo com recurso a fonte de energia renovável chega a Portugal este ano



Lisboa, 6 de fevereiro de 2019 - A Widex, empresa líder em reabilitação auditiva, acaba de anunciar o lançamento do primeiro aparelho auditivo do mundo que não recorre a pilhas ou a baterias tradicionais. O Widex Evoke possui uma tecnologia inovadora que permite renovar a energia do equipamento em apenas 20 segundos, para uma utilização de 24 horas. Este novo aparelho auditivo chegará a Portugal no verão deste ano.

“Com a tecnologia Energy Cell elimina-se a necessidade de trocar de pilhas ou de ter que esperar várias horas de carregamento até poder voltar a utilizar os aparelhos auditivos. E isto sem comprometer a performance do equipamento, mantendo o som de qualidade superior, e com a grande vantagem de ser uma solução mais ecológica”, explica Rui Nunes, Diretor Geral da Widex Portugal.

E acrescenta: “Este é um passo muito importante para a Widex no que diz respeito à política ambiental da empresa. Atualmente, a Widex já utiliza 95 por cento de energia eólica na produção dos seus aparelhos auditivos. Este facto fez com que a Widex tenha sido a primeira empresa do mundo a obter a certificação WindMade (rótulo global de consumo que identifica empresas que utilizam energia eólica)”.

O Widex Evoke com tecnologia Energy Cell, patenteada pela Widex, já arrecadou dois importantes prémios mundiais na área da inovação tecnológica: Best of Innovation Awards 2019 da CES (Consumer Technology Association); e “Best of the Best” da prestigiada Red Dot, em 2018, tendo sido exibido no Museu Red Dot em Singapura.

A Widex chegou a Portugal há 31 anos e tem sido pioneira no setor através da tecnologia avançada das suas soluções auditivas, dos serviços de reabilitação auditiva, e do elevado nível de competência profissional dos seus audiologistas. Atualmente, a Widex conta com 26 centros auditivos e 30 postos de atendimento de norte a sul do país e também nas ilhas. A Widex disponibiliza ainda consultas de reabilitação auditiva e de zumbidos/acufenos; rastreios auditivos gratuitos; protetores auditivos de natação e de ruído; assistência técnica e acessórios de apoio à escuta. Para mais informações consulte: www.widex.pt

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Médicos debatem relação da doença renal com o VIH

Núcleo de Estudos da Doença VIH organiza reunião temática em Cascais
Médicos debatem relação da doença renal com o VIH
O Núcleo de Estudos da Doença VIH (NEDVIH) da Sociedade Portuguesa da Medicina Interna (SPMI) vai realizar no próximo dia 9 de fevereiro, no Centro Cultural de Cascais, uma reunião dedicada à patologia renal no doente com infeção VIH. Esta é a segunda sessão do ciclo de reuniões temáticas “VIH e doença de órgão – O desafio a longo prazo”.
Segundo Telo Faria, internista e coordenador do NEDVIH, “o VIH não é apenas uma infeção viral do sistema imunológico. É uma doença sistémica e complexa, cada vez mais associada a comorbilidades, como a doença renal crónica, que acompanham o aumento da sobrevida e da idade média da população com VIH, ambas consequência da maior facilidade no controlo virológico desta infeção”.
Neste âmbito, explica o especialista, “projetámos uma reunião temática onde fosse possível fazer uma retrospetiva histórica da evolução da doença renal e do transplante renal associados ao VIH, apresentar uma proposta de algoritmo de avaliação da doença renal no doente com infeção VIH, e expor quatro casos clínicos que serão discutidos por internos de Medicina Interna e médicos nefrologistas”.
O ciclo de reuniões temáticas “VIH e doença de órgão – O desafio a longo prazo” é uma iniciativa dirigida a todos os profissionais de saúde e elementos das organizações de base comunitária, que acompanham e/ou tratam pessoas com infeção VIH. Até novembro serão realizadas mais quatro sessões:
  • Abril – Patologia Cardiovascular
  • Junho – Patologia Metabólica
  • Setembro – Doença Mental e Neurocognitiva
  • Novembro – Doença Neoplástica
As inscrições para a reunião estão abertas até ao dia 5 de fevereiro em: https://www.spmi.pt/vih-e-doenca-de-orgao-o-desafio-a-longo-prazo/

Porque é que estamos cada vez mais gordos ?

Hoje assinala-se o Dia Nacional de Luta contra a Obesidade Estudos mostram que a obesidade é mais passível de preconceito e discriminação do...