segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Deco desaconselha três batons vermelhos. Testes revelaram "substâncias preocupantes"

Deco desaconselha três batons vermelhos. Testes revelaram "substâncias preocupantes"


A Associação de Defesa do Consumidor desaconselha o uso de três batons vermelhos, após análise aos níveis de chumbo e substâncias derivadas de hidrocarbonetos.

A DECO, Associação de Defesa do Consumidor, testou sete batons vermelhos, de marcas à venda em perfumarias, lojas de cosmética e de produtos naturais e supermercados. Encontrou "vestígios de chumbo em todos, embora em níveis abaixo do limite tecnicamente evitável", lê-se numa nota daquela organização.

"Em três batons, detetámos ainda MOAH (hidrocarbonetos aromáticos de óleos minerais). Em face disto, a DECO desaconselha o uso dos seguintes batons: Avril Le Rouge Hollywood 598, Mac Retro Matte Ruby Woo 707 e Kiko Kikoid Velvet Passion 05 Burgundy.

Segundo a Deco, o batom da Avril, de acordo com a informação na rotulagem, diz que não recorre a ingredientes derivados de óleos minerais e é certificado pela Ecocert como produto "natural" e "biológico". No entanto, foram encontrados vestígios de MOAH, cuja "simples presença é motivo para desaconselhar um produto".

"O Kiko e o Mac também contêm MOSH e POSH em quantidades superiores às consideradas seguras, sendo que o primeiro nem cumpre as recomendações da própria indústria (Cosmetics Europe)", revela a DECO. "Já o Maybelline revela níveis aceitáveis destas substâncias, mas contribui para o efeito de cocktail, isto é, para a exposição global às mesmas", acrescenta.

"Os resultados do teste aplicam-se aos produtos indicados, e não a toda a linha de batons das marcas", explica a DECO. "Os corantes variam com o tom do batom e, assim, as concentrações das substâncias pesquisadas, nomeadamente de chumbo, podem variar", acrescenta a Defesa do Consumidor.

"Demos conta das conclusões ao Infarmed, responsável pelo controlo dos cosméticos", acrescenta a DECO. "Apesar de as quantidades de substâncias preocupantes serem inferiores às detetadas noutros testes a batons que efetuámos, ainda são motivo de preocupação", argumentam.


O MOSH, o POSH e o MOAH são componentes de óleos minerais derivados do petróleo. Os óleos minerais são usados nos produtos cosméticos, entre outros, como suavizantes, protetores da pele e reguladores da viscosidade.

Apesar da sua utilidade, estes componentes "despertam preocupações quando utilizados em batons", diz a Deco, sublinhando: "O mesmo vale para contaminantes como os metais pesados".

"Ingeridos, o que é um cenário real no caso dos batons, podem implicar risco de mutações genéticas e tumor", acrescenta.

A defesa do consumidor explica ainda que a lei "proíbe o recurso a metais pesados nos cosméticos, a menos que seja tecnicamente impossível impedir a sua presença e desde que sejam cumpridas as boas práticas de fabrico".

Mas permite o uso de óleos, "se se conhecerem todos os antecedentes de refinação e se se puder provar que a substância a partir da qual foram produzidos não é carcinogénica".


"Nada temos contra esta permissão. Mas exigimos que a legislação indique tanto as quantidades de metais pesados que considera vestígios, como os limites de segurança para a presença de MOSH, POSH e MOAH na composição dos óleos minerais", afirma.

Sem valores de referência indicados pela lei, para o teste que realizou, a Deco explica que usou os limites de metais pesados fixados pelo Instituto Federal Alemão de Avaliação de Riscos. Já no caso dos componentes de óleos minerais, teve em conta as recomendações da Comissão Europeia, da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) e da indústria.

A associação europeia de fabricantes - Cosmetics Europe - defende um máximo de 5% para alguns tipos de MOSH. No estudo que fez, a Deco elevou a fasquia para 10%, devido à margem de erro do método.

"Quanto ao MOAH, a simples presença é motivo para desaconselhar um produto", diz.

A Deco diz que também fez cálculos de exposição tendo em conta o NOAEL (No Observed Adverse Effect Level) destas substâncias e a respetiva margem de segurança.

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